21.2.06

Star Power


Foi um dos actores mais fortes e promissores dos anos oitenta.
As suas interpretações em “Noites Escaldantes”, ao lado de Kathleen Turner, e “Os Amigos de Alex”, ambos de Lawrence Kasdan, impuseram uma presença inquietante mas suave, de galã sem realmente o ser. Destinado ao papel de herói, quebrou o espelho com a personagem do vulnerável Luis Molina em “O Beijo da Mulher Aranha”. Recompensado com um Oscar, voltou a impor a sua carnalidade sacana n’ “Os Bastidores da Notícia” e deu nova mostra de versatilidade como o misantropo Macon Leary em “Turista Acidental”, mais uma vez pela mão de Kasdan e com Kathleen Turner por parceira. Os anos noventa foram uma sucessão de divórcios (demasiado) públicos, problemas com o álcool e as drogas, conflitos com realizadores e mais uma relação fracassada (com a actriz Sandrine Bonnaire, que lhe deu uma filha). Entre vícios, amantes e pensões alimentares, o talento e o dinheiro de Hurt pareciam irremediavelmente desperdiçados. Uma longa fila de fracassos de bilheteira levou a uma baixa de forma da qual só foi resgatado pelos excelentes desempenhos no belíssimo Second Best, do director de fotografia Chris Menges, em “Podia-te Acontecer”, com Meryl Streep e Renée Zellweger, e no épico Sunshine. Spielberg contratou-o para “A.I.: Inteligência Artificial”: com a melancolia marcada no rosto – apropriada ao papel – e um carisma renascido, Hurt entrava numa nova fase da sua vida e da sua carreira. “A Fonte Misteriosa” e “A Vila” confirmaram-no. Em 2005, William Hurt participa em Syriana e surge, imperial, no muito aguardado A History of Violence, de David Cronenberg, que o traz mais uma vez à ribalta dos Oscars. Este ano, The Good Shepherd, de Robert DeNiro. The man is back.

Sem comentários:

Arquivo do blogue