15.4.08

Dias 7 e 8: Sketches - Passado, presente e futuro



Concluímos o “projecto de ficção” com o Markl e o Costa Santos acelerou nos sketches. Vou ter saudades da minha Bé Matrafona, do Patrick Alain e do seu projecto editorial, mas duvido que lhes volte a pegar. Isto foi o mais próximo de pôr algo em cena a que cheguei, se subtrair os “espectáculos de rua” que a Patrícia, a Susana Cordeiro, os primos Boavida e eu fazíamos nas ruas de Segura. Que é como quem diz: “as ruas” era uma quase-quelha em frente à habitação sinistra da minha falecida Tia Isabel. Lá se juntavam os crescidos para ver as criancinhas a macaquear em roda livre, com diálogos e quadros, sim senhor, devidamente redigidos e encenados. Lembro-me que também havia cantorias. Para além das inevitáveis baladas alentejanas – sempre apropriadas numa noite ao relento beirão –, também havia versos originais, dos quais, infelizmente, só resta uma memória vaga. Os adultos regozijavam-
-se com a nossa inventividade fácil e punham moedas num chapéu que lhes era ostensivamente estendido antes de cada performance. As coisas corriam bem, coordenadinhas, como deve ser. Mas já então os egos colidiam e eu e a minha prima Maria João raramente estávamos de acordo sobre o tema, o tom e o protagonismo. Enfim… Os anos passaram, a Patrícia lá foi para onde tinha que ir, a Susana foi para Paris ser fashion designer ou assistente de fashion designer ou lá o que ela foi fazer (embora continue especialista em gaffes, pelo que sei), a Maria João está algures no planeta a ajudar quem precisa, o Nuno não sei e nunca mais o vi e o Pedro, tenho pena, mas também não. Sei que está estável e a trabalhar e, é daquelas coisas, contento-me com isso. Hoje os desafios da exposição são outros, muito outros, sem inocência nem leveza. As recompensas são maiores, mas uma coisa é certa: onde há humor há desespero.

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