11.3.10

História interminável


Tozé Martinho Ah, maroto, foste tu que começaste tudo!
Eis que se aproxima mais uma novela da TVI. A 82ª em 4 anos. Não sei como se chama, vi uma promoção no canal num dia de zapping desafortunado. Tem um nome genérico qualquer, provavelmente pilhado a um artista de soft-pop português, daqueles talentos rançosos com um pé na música pimba e outro no esquecimento. Presumo que inclua os vocábulos "mar" e "amor", o que resta deve andar entre "meu", "minha", "tua", "teu", "nós", "verdade", "mentira" e "vida". E penso que cobri o espectro todo. Os focus groups do audiovisual servem basicamente para fazer listagens de canções do Paulo Gonzo ou do Ricardo Landum (mítico fundador dos estúdios Aiksom). Se não houver nada que se ajeite ao meio-conceito a explorar em toda a ficção da casa, faz-se scrabble com meia dúzia de palavras e depois escolhe-se a moçoila que se vai despir no genérico. A novela em causa é protagonizada pelo Rogério Samora, o Tarcísio Meira português, uma lorinha que já teve sobrancelhas de má mas agora faz voz de boazinha, e um indivíduo que tem menos carisma no esqueleto todo do que o rapaz do gongo dourado tinha no seu, hum, gongo, em pleno esplendor. Este actor, vá, é especialmente curioso, porque, por mais papéis que lhe dêem, representa sempre com a convicção de uma anona decorativa e a subtileza de um ataque de gota. Deve ser realmente muito popular junto da sopeirada nacional. Deve vender, sei lá, t-shirts e canecas com fartura. É que até o Rodrigo Guedes de Carvalho, numa fugaz aparição (hoje de culto) na primeira Vila Faia, suplantava em presença e domínio técnico este José Carlos artolas qualquer coisa. Ah, ainda bem que temos a TVI para promover a genuína mercadoria nacional. Cada um tem o que merece, e quem vê a TVI merece de certeza levar com isto.

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