25.3.10

Quando Peter Jackson partiu os ossos

Não, estes ossos não são adoráveis. São uns cacos e deviam ser atirados à cabeça de Peter Jackson que, ou teve umas quantas paragens cerebrais, ou tão simplesmente perdeu o norte e viu-se à rasca para dar sentido ao argumento. Ora, eu não li o romance de Alice Sebold, embora tenha visto críticas positivas aquando da sua publicação, mas esta espiritualidade em lata que me foi servida, condimentada com grandes doses de pretensão artística e de histerismo new-age, tudo devidamente rebuscado e exponenciado com doses cavalares de pós-produção digital, tirou-me totalmente a vontade de o fazer. Jackson já provou que é um bom realizador, por que razão se enfiou neste monumental embaraço, debatendo-se com um material para o qual claramente não tem unhas, é algo que me ultrapassa. Se a produção artística é aceitável, a fotografia adequada e um par de sequências de suspense muito bem articuladas, já a direcção de actores padece da mesma desorientação. Susan Sarandon faz o que quer e parece estar noutro filme, Rachel Weisz não faz ideia onde está, Saoirse Ronan é esmagada (literalmente) por Stanley Tucci e pelo estardalhaço computorizado, e Mark Whalberg, bom, Mark Whalberg desempenha bem um único tipo de personagem, e é óbvio que não é este. Em suma, The Lovely Bones é um penoso exercício de vaidade de quem aspira aflitivamente ao estatuto de "autor".

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