3.6.11

Na crista da onda

Há coisas do caraças. Sugeriram-me que prestasse atenção à letra de “Capitão Romance”, dos Ornatos Violeta (obrigado, F.S.). Não conhecia, nunca liguei aos Ornatos, apesar de gostar bastante do “Ouvi Dizer”, mas a coisa ficou-se por aí. O texto é oportuno e tocante. Coincidências maradas do destino, descobri que faz parte da banda-sonora do filme Rasganço, em que trabalhei (que nunca vi acabado) e que marcou a fase mais decisiva da minha vida, a que (re)configurou o meu percurso pessoal e profissional. Enfim, que ironia esta. Geminada com o passado surge esta evocação de um ponto de partida que contrasta, tão dolorosamente, com os seus resultados. Não só não podes fugir do que és como o agora é um acumulado galeriano de camadas de ilusão. 


"Não vou procurar quem espero
se o que quero é navegar
pelo tamanho das ondas
conto não voltar

parto rumo à primavera
que em meu fundo se escondeu
esqueço tudo do que sou capaz
hoje o mar sou eu

esperam-me ondas que persistem
nunca param de bater
esperam-me homens que desistem
antes de morrer

por querer mais que a vida
sou a sombra do que sou
e ao fim não toquei em nada
do que em mim tocou

eu vi...
mas não agarrei
eu vi...
mas não agarrei
eu vi...
mas não agarrei
eu vi...
mas não agarrei...

parto rumo à maravilha
rumo à dor que houver pra vir
se eu encontrar uma ilha
paro pra sentir
e dar sentido à viagem
pra sentir que eu sou capaz
se o meu peito diz coragem
volto a partir em paz

eu vi...
mas não agarrei
eu vi...
mas não agarrei
eu vi...
mas não agarrei
eu vi...
mas não agarrei
eu vi...
eu vi...
eu vi...
mas não agarrei..."

Fotografia: Alec Soth  

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