19.1.12

Amigados


Parece que no Facebook também se pode "desamigar" (eu sei, cheguei tarde à festa, como o Vasco Pulido Valente). Um novo conceito que faz todo o sentido nos tempos que correm, alinhando-se, na mesma simpática categoria prefixal, com "desemerdar", "desinteressar", "desatinar", "desinformar" e "desindiciar" no modus operandi da nação. Por familiaridade fonética poderia também mencionar "designar" (para cargos oficiais os trastes do costume que fazem carreira a lamber orifícios e a meter ao bolso o rebotalho do erário público) e "desinteria" (moral generalizada). Pois com a mesma facilidade com "amiguei" fulana de tal, decidi agora "desamigá-la". Ora sucede que esta cidadã, que toda a vida conheci dos tempos da RUC, anda a fazer pela vida nas mesmas paragens que eu. Sempre que nos cruzamos, a moça dá início a uma pouco subtil operação oculta, e eu, que não mudei tanto assim, só posso depreender que ela tem um fetiche por ser "amigada" por pessoas de quem não gosta, ou é muito amiga de jogar às escondidas. Para confirmar a impressão, estacionou na mesa de café ao lado da minha no dia de Natal, na cidade que nos viu trocar olhares cúmplices (nem por isso). Ela devia estar sem as lentes e eu, confesso, tinha-me esquecido da disposição. A rapariga "amiga-se", a rapariga comenta posts dos meus amigos contratuais, a rapariga passeia pela urbe e deve ser boa pessoa, não duvido. Mas esta explosão de virtualidade social com que o Facebook nos presenteou, qual acelerador de partículas descontrolado que interfere no contínuo espaço-tempo e na realidade tal como ela é, faz-me um bocadinho de confusão. Felizmente, e sem consequências, podemos carregar no botão e inverter o processo.

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