25.1.12

Frutalmerdas


Caro senhor proprietário do estabelecimento dos pastéis, dos sumos de fruta madura, das férteis famílias de bem, das senhoras de couraça de laca, dos empregados trombudos, do café queimado, das filas ao almoço, do estacionamento em 2ª fila aos sábados e das buzinadelas insistentes dos carros trancados: quando o senhor proprietário conta a massa fresca ao fim do dia, ou quando se senta proprietariamente no estabelecimento fechado, aos domingos, desfrutando do seu jornal e da sua possessão, ocorre-lhe que, ao efectuar obras nesse recanto dos prazeres, em dias de descanso bem cedo pela manhã, ou pela noite de dias de trabalho dentro, de forma a não perturbar os seus valiosos clientes e o fluxo do pastel, está a incomodar um pequeno universo de pessoas que vivem na proximidade? Concedo que, pela ausência de reacções negativas, a população em causa goste de sofrer, seja surda ou repouse em urnas. Todas elas plausíveis, tendo em conta a zona. No entanto, senhor pasteleiro, ainda há seres de sangue quente a sofrer as consequências da sua ânsia em engrossar o recheio, espetando intermináveis furos e marteladas no silêncio de um repouso merecido. Ponha-se a pau, ou qualquer dia a martelada vai bater-lhe à porta.

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